sábado, 3 de setembro de 2016

Café...

- Acho ridículo alguém ter que fingir dores de cabeça só por não querer transar. – Ela disse.
- Concordo plenamente. – Afirmei, também acenando com a cabeça.
- Cada um faz com o corpo o que bem quer. – Ela continuou.
- Com certeza. – Respondi com convicção.
- E você não precisa concordar com tudo o que eu digo. – Pronunciou, demonstrando irritabilidade.
- Lógico que não. – Afirmei como quem diz: Mas eu não faço isso.
- Ah, vá se ferrar, o fato de você não querer transar eu entendo, mas me bajular enquanto conversamos já é demais. – Ela pronunciou, depois se levantou e foi para a cozinha furiosa. Passados 15 ou 20 minutos, gritei aqui do sofá em direção a ela que estava próxima ao fogão à lenha se aquecendo:
- Eu não concordo com tudo o que você diz e por obséquio, me devolva o analgésico. – Um pequeno frasco branco cruza por cima das paredes e cai sobre meus pés, em seguida ela me aparece na porta com duas canecas, uma com chocolate, outra com um café feito a pouquíssimo tempo.
- Ligue a TV, vamos assistir um filme. – Atendi prontamente.
Meia hora depois, lá estava ela, com um blusão enorme e desajeitado na altura dos joelhos, com a cabeça sobre meu ombro, assistindo calmamente ao filme. Cogitei a ideia de informa-lhes que depois do café, a dor havia passado, mas achei melhor não.
Ela sabe que sem café, não há cabeça que não venha a doer.
(Alex Macedo)